Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 12/01/2010 15h06

Bate-bola: Mario Cesar

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“Vejo que alguns recebem 50 mil reais para um evento, dinheiro que serviria para várias federações realizarem competições durante todo o ano” “Vejo que alguns recebem 50 mil reais para um evento, dinheiro que serviria para várias federações realizarem competições durante todo o ano” (Foto: Foto: Jeozadaque Garcia/Esporte Ágil)

Mario Cesar

Sua paixão pelo esporte começou desde pequeno, quando deu seus primeiros passos no futsal com seus amigos de rua. Contudo, com o tempo percebeu que levava mais jeito para outra modalidade coletiva, que usava as mãos. Este é Mario Cesar Oliveira da Fonseca, vereador da Capital e praticante de basquete da ABV-MS (Associação de Basquetebol Veterano de Mato Grosso do Sul).

Eleito com mais de 7 mil votos, o parlamentar acredita firmemente que o esporte pode mudar para melhor a vida das pessoas. Mas para que isso aconteça, será necessário, segundo ele, uma mudança de pensamento da população e dos políticos sul-mato-grossenses, que precisam enxergar o esporte não apenas como lazer, mas também como educação, saúde e segurança, o que resultará numa melhor qualidade de vida para todos.

Em seu primeiro mandato como vereador, Mario adotou uma postura crítica com relação a utilização das verbas públicas destinadas ao esporte. Para o parlamentar, o dinheiro não é bem distribuído, o que deve mudar neste momento olímpico que o Brasil vem passando.

Esporte Ágil - Qual é sua história no esporte?
Mario Cesar -
Minha história começou como todo mundo. Desde garoto, com os amigos de rua, comecei no futebol de salão. Parti para o basquetebol desde 1977, participando de todas as categorias na base, mirim, infantil, infanto, juvenil... Tive sucesso dentro do basquete. Fui para as Forças Armadas, onde acabamos disputando todos os campeonatos pela Marinha. Tive um período em que não consegui jogar, de 1985 a 1990, em que me formei e acabei viajando o mundo inteiro, ficando sem tempo para praticar. Em 1991, quando vim morar em Campo Grande que voltei a praticar basquete novamente, mas muito esporadicamente, mais de brincadeira. Aí conheci a ABV-MS (Associação de Basquetebol Veterano de Mato Grosso do Sul) e comecei a participar mais efetivamente do basquetebol outra vez, juntando lazer, qualidade de vida e competitividade, que reacende quando disputamos os Campeonatos Brasileiros para veteranos. Você vê aquelas pessoas de 75 anos jogando basquetebol e se pergunta se também vai chegar lá. Precisamos enxergar tudo que o esporte agrega, como companheirismo, segurança e saúde, por exemplo. É uma infinidade de coisas que precisamos trabalhar para que o esporte deixe de ser reconhecido apenas como lazer. Acredito que o esporte é capaz de fazer essas mutações de pensamento.

Esporte Ágil - Você lembrou da ABV-MS, que é uma entidade que não recebe nenhum tipo de apoio do poder público e mesmo assim disputa competições nacionais. Você acha que faltam mais pessoas com essa postura?
Mario Cesar -
Não é bem assim. Preferimos ter independência, de não pedir nada ao poder público, não ficar mendigando dinheiro em qualquer segmento que for. Mas isso só ocorre porque existe um grupo de pessoas que estão praticando basquete na ABV que tem condições de se patrocinar para poder participar desses eventos, não tirando dinheiro público de quem realmente precisa. Contudo, mesmo assim algumas pessoas ficam em Campo Grande durante a disputa dos torneios nacionais por deficiência financeira.

Esporte Ágil - O que você fez pelo esporte de Campo Grande em seu primeiro mandato?
Mario Cesar -
Critiquei bastante a falta de verbas do poder público e a sua utilização. Vejo que alguns recebem 50 mil reais para um evento, dinheiro que serviria para várias federações realizarem competições durante todo o ano. Por outro lado também vejo uma desorganização das próprias federações. Tem modalidade que tem três federações. Então quer dizer: não tem espaço nem dinheiro para todo mundo e mesmo assim querem segmentar dentro da própria modalidade. Na minha opinião todos deveriam se organizar melhor para poder cobrar ainda mais o poder público.

Esporte Ágil - Como você avalia o ano do esporte sul-mato-grossense?
Mario Cesar -
Como nos últimos anos, se não houvesse as pessoas que amam o esporte, os "loucos", ele não existiria. Falo de gente que realmente quer ver o esporte acontecer. Se dependesse apenas do poder público não haveria desporto no Estado.

Esporte Ágil - E o apoio da Funesp e da Fundesporte. O dinheiro está sendo bem distribuído?
Mario Cesar -
Tenho clareza absoluta que não. Você pode até ver isso, publicado no Diário Oficial, e perceber que não existe um critério e não existe um equilíbrio para a liberação de verbas. Você vê entidades recebendo 5 mil reais e outros recebendo muito mais do que isso. E principalmente: qual é o retorno desse dinheiro empregado? Dificilmente sabemos. Da forma que está sendo distribuído o dinheiro é muito mais fácil alguém que possui "Q.I." [no jargão popular Quem Indica] dentro das entidades de conseguir alguma verba, e mesmo assim não resolvendo os problemas de nenhuma modalidade.

Esporte Ágil - O que você pretende fazer para melhorar o esporte local?
Mario Cesar -
Como trabalho na área de orçamento minha intenção é cobrar em termos de município e até mesmo de Estado qual é o critério utilizado para liberação da verba pública. Além disso, que a gente possa fomentar o esporte, desmistificando que o esporte é só lazer, é também é cidadania, segurança, qualidade de vida, educação, formação de caráter... Aproveitar o mecanismo de podermos falar na Câmara Municipal para passarmos essa ideia. Como presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, a intenção é tentar aumentar gradativamente as verbas destinadas ao esporte na Capital.

Esporte Ágil - De que forma Mato Grosso do Sul pode aproveitar as Olimpíadas de 2016?
Mario Cesar -
De várias maneiras, mas principalmente turisticamente e esportivamente. De repente podemos adotar uma modalidade, graças ao projeto Cidade Olímpica, do Governo Federal [projeto que promete liberar verbas públicas federais para cidades que adotarem uma modalidade olímpica]. Temos mais ou menos sete anos para que os atletas ganhem um nível de competitividade maior. Mas é como eu falei: depende de como vão acontecer os investimentos de verbas públicas. Espero apenas que as federações, associações e pessoas ligadas ao esporte também tenham ideia da responsabilidade com a qual estão lidando.

Esporte Ágil - Você acha que os ginásios, quadras e parques daqui de Campo Grande estão sendo bem utilizados?
Mario Cesar -
Acho que nossos equipamentos esportivos não são tão atrativos assim. Precisamos de investimento nessa infra-estrutura que possuímos, além da realização de projetos esportivos que aproveitem de fato o que está lá construído. O Belmar Fitness é um exemplo que pode ser seguido, por exemplo.

Esporte Ágil - De que forma podemos trabalhar o esporte com a economia?
Mario Cesar -
Quando eu associo o esporte ao econômico eu vejo o exemplo de alguns prefeitos que vão a eventos para mostrar seu município, buscando levar esse agrupamento de pessoas para sua cidade em outro ano. A questão é matemática. No Brasileiro Veterano, por exemplo, são 10 dias de torneio. São aproximadamente 1.600 atletas, de 35 a 80 anos, nos naipes masculino e feminino. Nessas idades, a maioria vai com a família. Ou seja: são pelo menos 2 mil pessoas gastando dinheiro durante esse período. Vejo que Campo Grande está começando a perceber isso, devido aos eventos realizados no ano passado.

Esporte Ágil - Acha que seria viável a criação de uma equipe de Campo Grande para disputar uma Superliga de Vôlei ou uma NBB?
Mario Cesar -
Tudo é louvável. Falam muito da distância, mas eu acho válido para vendermos a imagem do Estado. Mas para vendermos essa ideia tem que ser uma coisa séria, que vai dar retorno social, não apenas financeiro, da propaganda em si na camisa. Além disso, é necessário que quem esteja investindo realmente acredite no projeto. Mas é aquele negócio: se tem dinheiro público para um, tem que ter para todos.

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