Bate-Bola | Da redação | 09/03/2009 12h43

Bate-Bola: Raul Rodrigues da Rosa

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Raul Fotógrafo

Raul Rodrigues da Rosa, mais conhecido como "Raul Fotógrafo", é uma figura conhecida nos estádios sul-mato-grossenses. Fotógrafo oficial da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) há 17 anos, ele se orgulha de cobrir as séries A e B do Campeonato Estadual por todo este tempo.

Para ele, "é motivo de muito orgulho fazer uma cobertura de Ivinhema x Flamengo e Misto x Rio Verde". Raul também não esconde a preferência que tem pelo Operário Futebol Clube, equipe mais tradicional do futebol do Estado e que atualmente encontra-se em sérias dificuldades financeiras.

O fotógrafo, durante o Bate-Bola, não escondeu sua euforia ao lembrar da possibilidade de cobrir sua primeira Copa do Mundo. "Esperamos que seja aqui em Campo Grande, mas se for em Cuiabá, nós daremos um jeito de ir também, se Deus quiser", contou animado.

Esporte Ágil - Desde quando você é fotógrafo da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul?
Raul Fotógrafo - Desde 1992.

Esporte Ágil - São 17 anos já e muitas histórias pra contar...
Raul
- É verdade. São 17 anos que eu frequento os campos do nosso estado e também de fora, sempre acompanhando as grandes equipes, como Operário, Comercial e Cene.

Esporte Ágil - Você tem alguma historia engraçada para lembrar?
Raul
- Tenho varias histórias engraçadas ao longo desses 17 anos. Uma delas que posso recordar agora aconteceu em 1998, com o nosso saudoso Chicão. Foi em um jogo morno entre Flamengo e Operário, pela Copa do Brasil, e o massagista, por seu avantajado porte físico, chamou muita atenção da torcida e como eles não tinham por quem gritar, começaram a gritar: "Chicão! Chicão!". Eu achei muito engraçado, pois foi a primeira vez que um massagista foi ovacionado pela torcida no Maracanã. E a surpresa foi por eles terem ovacionado o massagista de uma equipe visitante. Descobriram o nome dele rapidamente e 20 mil pessoas gritaram seu nome.

Esporte Ágil - Mudando um pouco de assunto. Como você vê hoje o futebol sul-mato-grossense?
Raul
- Se formos analisar, o futebol de Mato Grosso do Sul está muito bem, mas na capital é que está o grande problema. No interior, as grandes indústrias que estão chegando agora e as prefeituras estão dando muito apoio às equipes, então elas vêm se destacando. O futebol é dinheiro, quem tem, faz boas equipes. O Cene, por exemplo, sempre teve uma boa estrutura e está sempre aí disputando títulos. O problema do Operário e Comercial são as diretorias anteriores que endividaram muito os clubes e os presidentes atuais estão tendo muita dificuldade de sanar e organizar novamente as finanças das equipes.

Esporte Ágil - E qual a sua expectativa sobre Campo Grande ser ou não escolhida como uma das subsedes da copa de 2014?
Raul
- A minha expectativa é muito boa, pois eu, como fotografo da Federação de Futebol, que sempre acompanho os jogos, provavelmente será minha primeira e talvez única Copa do Mundo, pois aqui no Brasil, dificilmente teremos outra Copa com esse projeto da Fifa de dar a volta no planeta e diversos países sediarem Copa. Então, o Brasil poderá ser apenas uma vez sede nos próximos 20 ou 30 anos. A expectativa é muito boa, pois vamos estar perto e esperamos que seja aqui em Campo Grande, mas se for em Cuiabá, nós daremos um jeito de ir também, se Deus quiser.

Esporte Ágil - Na sua opinião, quais os benefícios que Campo Grande receberá caso seja escolhida?
Raul
- Olha, eu andei pesquisando os países onde as Copas passaram recentemente, como Alemanha, Japão e Coréia do Sul. Todos saíram ganhando. A Copa do Mundo movimenta todos os setores da economia de um país. A despesa do governo é grande, mas o benefício que trará é maior, o retorno é garantido. Este retorno não é a curto prazo, mas sim para sempre, pois os estádios serão melhorados, ou seja, os próximos campeonatos estaduais e nacionais serão melhores, pois todos os estádios terão melhorias e todos nós seremos beneficiados. Nós, que estamos diretamente ligados com o futebol então, muito mais. No próximo campeonato nacional após a Copa de 2014, teremos estádios totalmente transformados e prontos para sediar belíssimos jogos, tanto a nível regional quanto nacional.

Esporte Ágil - Você acha que os clubes de Mato Grosso do Sul também vão ganhar com isso?
Raul
 - Olha, eles terão que se adequar rapidamente, pois a partir do momento que Campo Grande for escolhida como sede, eles terão que crescer muito, pois o futebol vai exigir isso deles. Operário e Comercial, como tem uma história, serão obrigados a se organizar e se tornarem grandes, pois Campo Grande vai precisar muito deles. Operário e Comercial hoje são referência nacional e não tem sentido uma Copa do Mundo aqui e times como eles estarem segurando lanterna em um campeonato regional. Isso não pode acontecer.

Esporte Ágil - Você acha a ajuda que o governo dá às equipes uma alternativa válida para tentar reerguer o futebol local?
Raul
- É muito bom, pois a princípio o governo só iria ajudar com a arbitragem. Quando ele anunciou que iria auxiliar também com outras despesas, os clubes ficaram até surpresos e para nós foi uma coisa muito boa, pois alguns clubes se deram ao luxo de contratar mais jogadores, pois isso não estava nem na previsão de seus gastos. E mesmo assim eu fico triste em saber que o nosso glorioso Operário não soube tirar proveito disso, mas sabemos que há pessoas interessadas em ajudar o Operário e a gente torce muito para que essas pessoas saiam do anonimato e apareçam, pois o Operário é muito grande, ele não é de uma pessoa apenas, mas sim de Campo Grande, de Mato Grosso do Sul, do Brasil, e o Operário não pode chegar ao lugar onde ele está.

Esporte Ágil - Você já mostrou ter uma preferência pelo Operário. No último dia 4, a equipe protocolou junto à Federação um pedido de afastamento do Campeonato Estadual por dificuldades financeiras. Como você recebeu essa notícia?
Raul
- Eu entendo até como uma espécie de crítica em relação à algumas prefeituras. O Operário está muito ressentido, pois todas as prefeituras do interior ajudam seus clubes e a prefeitura de Campo Grande não tem feito isso. Se está fazendo, é para o Comercial. Então realmente isso nos deixa triste, pois o Operário é uma referência, representa Mato Grosso do Sul na Timemania, então eu acho que a prefeitura de Campo Grande deveria olhar com mais carinho para um time que tem 70% da torcida em nosso estado.

Esporte Ágil - Gostaria de falar mais alguma coisa para encerrar?
Raul
- Queria dizer que pra mim, que não teve oportunidade de ser jogador de futebol, eu falei: "já que eu não posso jogar, vou ficar atrás do gol registrando e tirando fotos", pra mim é motivo de muito orgulho fazer uma cobertura de Ivinhema x Flamengo e Misto x Rio Verde. O importante é estar ali no Morenão e que todo mundo tenha acesso aos registros que eu faço, pois faço com muito amor e carinho. Quem me conhece, sabe. O preço da fotografia que eu comercializo é uma coisa irrisória. O que eu não quero é que nenhum jogador vá embora falando: "poxa! eu não tirei foto pois a foto em Mato Grosso do Sul é cara". Se Deus quiser, eu nunca vou ouvir alguém falar, e se falar, é uma injustiça muito grande, pois o meu prazer é tirar foto, revelar e mostrar que o nosso futebol, apesar de carente, é um celeiro de talentos. Vocês estão vendo vários exemplos aí, como o Keirrison, que eu acompanhei na Taça São Paulo e pra mim não foi surpresa nenhuma isso que está acontecendo com ele hoje, o Jean também, o Lucas, que eu acompanhei com a seleção brasileira em Ponta Porã, o Danilinho, que hoje está no México... Tem muitos meninos bons aí na cidade, basta dar condições pra eles. Nem precisa trazer jogadores de fora. O Operário pode formar um grande time aqui dentro de Campo Grande, é só percorrer os bairros aqui. Então, eu fico triste, pois ninguém é campeão por acaso. O Ivinhema foi campeão porque montou um time, teve estrutura, fez pré-temporada. Se o Operário quiser ser campeão ano que vem, ele tem que começar se preparar desde já.

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