Bate-Bola | Jones Mário/Da redação | 02/06/2013 20h20

Bate-Bola: Vanessa Abreu

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Vanessa Abreu

Vanessa de Abreu Amaral é assistente de futebol, ou bandeirinha, há 9 anos, e desde então, vem crescendo dentro da arbitragem. Ela atuou pelo último Campeonato Estadual de futebol e foi eleita melhor assistente da competição.

No fim de 2012, Vanessa foi a primeira mulher do Estado a participar de um teste da Fifa (Federação Internacional de Futebol e Associados). O mesmo garantiu à campo-grandense o direito de entrar no quadro masculino da CBF1 (Confederação Brasileira de Futebol), e de participar de qualquer jogo da modalidade masculina no Brasil. Vanessa falou sobre isso e muito mais ao site Esporte Ágil. Confira:

Esporte Ágil - Como o futebol entrou na sua vida?

Vanessa Abreu - O futebol entrou na minha vida desde a infância. Sempre joguei futebol na rua, na escola, no clube. Bastava ter uma bola e mais uma pessoa e lá estava eu jogando futebol. Meu sonho, a princípio, era ser uma jogadora profissional de futebol, mas aos poucos a realidade foi tomando outros caminhos.

EA - E a arbitragem?

VA - Em 2004 tive que tomar uma decisão: jogar futebol ou entrar na faculdade, porque os horários do treino coincidiam com a faculdade. Como eu já estava com 18 anos tive que agir pela razão e tomei a decisão de cursar uma faculdade. No mesmo ano surgiu um curso de arbitragem de futebol, que eu só quis fazer para questão de currículo. Mas no decorrer do curso observei que a arbitragem era um trabalho sério e muito gratificante. Me apaixonei e estou atuando há 9 anos.

EA - Você está em grande fase de sua carreira como assistente. Comente sobre isso.

VA - Em 2012 tive a oportunidade de estar fazendo o teste da FIFA, no qual fui aprovada e me tornei a primeira mulher do Estado a realizar um teste a nível internacional. Mesmo passando no teste não sou ainda do quadro da FIFA, e sim, do quadro masculino da CBF. Isso significa que estou apta para realizar jogos masculinos a nível nacional.

EA - A arbitragem brasileira é alvo de muitas críticas. O que você acha disso?

VA - Em minha opinião a arbitragem brasileira é uma das melhores, pois com o recurso que temos e com a nossa realidade somos tão bons tanto os demais países.

EA - Já pensou em atuar como árbitra principal?

VA - No inicio da minha carreira, antes de ter a oportunidade de atuar nos campos de futebol, a minha intenção era ser árbitra central, mas depois de algumas experiências me identifiquei na bandeira, deixando o apito e atuando só como árbitra assistente.

EA - Sabemos que o futebol é um esporte muito machista e opressor. Muitas vezes, um ambiente de um estádio de futebol é hostil às mulheres. Você sofreu algum tipo de discriminação pelo fato de ser mulher no esporte?

VA - Como todo o esporte 99% masculino a figura de uma mulher é vista como incapaz perante vários homens, que consideram a mulher o sexo frágil. Logo no início da minha carreira sofri muito por preconceito de todos ao meu redor, como jogador, comissão técnica, torcedores e da própria família. Mas com o tempo fui provando que as mulheres são capazes, tanto quanto os homens e às vezes até melhores.

EA - Além da hostilidade, alguns marmanjos são folgados e se sentem no direito de distribuir cantadas às mulheres no campo de futebol. Como você lida com elas?

VA - Eu considero a arbitragem de futebol um trabalho sério, onde sou bastante dedicada e atuo com maior amor dentro das quatros linhas. Normalmente, sou a única mulher no campo de futebol e fatalmente vou estar cercada de 22 jogadores, mais os reservas, comissão técnica e os próprios torcedores. Cantadas sempre haverá, mas o meu foco é desenvolver o melhor trabalho possível, então não levo em consideração algumas cantadas, desde que não sejam em excesso e ultrapassem o limite. Se isso acontecer, lamentavelmente eu comunico ao árbitro, onde ele tomará a melhor decisão possível para o fato.

EA - Tem algum sonho que ainda deseja ser realizado na carreira?

VA - Como tudo na vida trabalhamos através de objetivos e sonhos. O meu objetivo era entrar para o quadro masculino da CBF, e depois de 4 anos tentando eu consegui realizar este ano. Hoje sou CBF1. Agora estou trabalhando para integrar o quadro da FIFA.

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