Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 21/11/2010 11h50

Bate-bola: Waldemar Álvaro Gonçalves, o "Russo"

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Waldemar "Russo"

Waldemar Álvaro Gonçalves, o "Russo", nasceu no Paraná em 1960 mas ficou conhecido na cidade de Dourados por atuar no jornalismo policial. "Jornalista prático", como ele se define, está há cinco anos no meio esportivo.

No Bate-bola, ele afirma que "fazer esporte não é um trabalho, e sim uma terapia". Russo ainda critica o poder público douradense e garante que todo o escândalo que envolveu a política da cidade nos últimos meses influi diretamente na qualidade do desporto local.

"A Funced, que é uma instituição para municiar o esporte e a cultura na cidade, está falida, ou melhor, estuprada mesmo", dispara.

Esporte Ágil - Como e quando começou seu interesse pelo jornalismo esportivo?
Russo
- Embora seja mais conhecido em Dourados por atuar há mais de 20 anos na área policial, inclusive na TV, rádios e jornais impressos além de sites, sempre fiz esporte, mas oficialmente há cerca de cinco anos que estou neste campo.

Esporte Ágil - E você prefere atuar na área esportiva?
Russo
- Fazer esporte não é um trabalho, e sim, uma terapia ocupacional, muito embora tenhamos que deixar nossas casas aos domingos para acompanhá-los, seja ele no futebol de campo, salão, entre outros, mas é muito bom.

Esporte Ágil - De todos os eventos que você cobriu, qual mais te marcou?
Russo
- Olha, o que mais me marcou mesmo era quando atuava na Rádio Grande FM, quando o Ubiratan de Dourados conquistou o titulo em 1990, dentro do estádio Virotão, em Naviraí. Por ter vencido o primeiro jogo, o "Leão da Fronteira", como é chamado o Ubiratan, aguentou a pressão da torcida e da equipe adversária e com empate em 0 a 0 levou a taça. O que mais me marcou neste jogo foi a garra dos jogadores daquela época.

Esporte Ágil - Você acha que o esporte de Dourados recebe a devida atenção dos setores público e privado?
Russo
- Não! Se tivesse isso com certeza o estádio Douradão, um dos mais modernos do País, estaria com seus portões abertos. Os clubes de tradição, como o CAD (Clube Atlético Douradense) e o próprio Ubiratan não tinham falido, assim como o próprio Operário daqui. Entendo que o povo aqui não tem identidade com o futebol da cidade, mas sim com os clubes de outros estados, principalmente os de massas, como Corinthians, São Paulo, Flamengo, Grêmio e Inter de Porto Alegre, entre outros. Os empresários aqui só pensam neles enquanto o Poder Público está contaminado, tanto que o prefeito, o vice e 11 dos 12 vereadores estão enrolados com a justiça.

Esporte Ágil - Acha que toda essa corrupção em Dourados influiu diretamente na queda do esporte?
Russo
- Claro que influi, e muito. Veja bem, a Funced, que é uma instituição para municiar o esporte e a cultura na cidade, está falida, ou melhor, estuprada mesmo. O que falta em Dourados hoje é uma renovação política, e os que tinham mais chances, também entraram em cana, como os vereadores Sidlei Alves, Marcelo Barros, Zezinho da Farmácia e Aurélio Bonatto. Entendo que no esporte em geral, seja aqui, em outras cidades do interior e até mesmo na capital, os clubes tem de depender da ajuda destes dois itens que citei, caso contrário, a falência é mais do que certa. É só ver onde o então temido e glorioso Galo da Capital foi parar: no fundo do poço. Aqui em Dourados, as equipes amadoras que estão mantendo o futebol, quer seja no campo, no suíço ou na quadra, e as lojas de materiais esportivos agradecem.

Esporte Ágil - Como você avalia a situação atual do futebol em MS?
Russo
- Melhorou muito no interior, principalmente em Navirai, Itaporã, Corumbá e em Três Lagoas, enquanto outros clubes mesmo capegando, estão dando conta do recado, como é o caso do Aquidauanense. Porém o nível técnico ainda é baixo, e o pior, as equipes da capital também não melhoram para que possam fazer com que as antes rivalidades que hoje estão mortas, voltem a acontecer. Espero que para o próximo ano, a FFMS dê uma guinada maior para que possamos ter um grande Estadual no futebol profissional, pois nas categorias amadoras, tanto na capital como no interior, o futebol vai bem obrigado, sem contar as categorias de base que tem em todas as cidades do MS e isso é muito bom para nosso jovens

Esporte Ágil - E a Federação, na sua opinião, tem trabalhado corretamente por aqui?
Russo
- Olha, cobrar do presidente Francisco Cezário é complicado, mas pelo que acompanho, ele vem dando a sua contribuição sim no futebol profissional e agora a FFMS quer um maior investimento nas categorias de base. O duro é ver uma Copagaz, por exemplo, dar 200 mil reais de patrocínio para as "Sereias da Vila" e não repassar nada para as equipes que estão atuando no MS. Se não me engano, uma empresa só ajuda o Comercial e mais ninguém aqui no MS. É muito pouco, dai entender que o Francisco Cezário vem tirando leite de pedra, embora entenda que por ele ter muita ligação na CBF poderia sim dar uma guinada maior em nosso futebol.

Esporte Ágil - Mudando um pouco de assunto, como você acredita que será o jornalismo esportivo aqui em Mato Grosso do Sul daqui alguns anos?
Russo
- Muito evoluído com certeza, pois está vindo aí uma nova geração que deverá ser bem melhor do que a gente, já que o avanço da tecnologia vai fazer com que eles nos superem. Vai melhor e muito, disso não tenho duvida nenhuma.

Esporte Ágil - E quanto as assessorias de imprensa. Os clubes daqui pecam nesse sentido?
Russo
- Poxa, se pecam, mas se eles não tem nem para pagar os jogadores, vão ter isso, ou melhor, tem dirigente que não sabe nem o que é assessoria de imprensa. Muitos deles são uns abnegados do esporte, sem contar que as rendas não ajudam eles a manter uma boa estrutura para as suas equipes, quanto mais ter um jornalista atuando em favor de seu clube.

Esporte Ágil - Qual seria a saída para tirar os clubes do fundo do poço?
Russo
- Tem várias. Uma delas, parcerias sérias com grupos de empresários para que tragam atrações para os estádios; lutar na CBF para uma maior atenção ao futebol do MS; no COI; nas grandes confederações de esportes do país; no Ministério dos Esportes; do Poder Púbico e Privado; a própria imprensa tem obrigação de ajudar o esporte em todos os sentidos para que possamos fortalecê-lo, enfim, tem de haver uma grande união em todos os esportes, pois material humano temos de sobra, como exemplo, o Lucas Leiva, o Keirrison, o Jean do São Paulo...

Esporte Ágil - Durante sua vida de jornalista, o que mudou no esporte sul-mato-grossense?
Russo
- Veja bem, no meu ponto de vista, pouca coisa ou nada, todavia, isso não é culpa dos dirigentes, mais sim da própria cultura do Mato Grosso do Sul, que por ser um estado de miscigenação de raças, os clubes principais não possuem assim uma grande torcida. Vou te dar um exemplo. No ápice do Operário em 77, os torcedores iam no Morenão muito mais para ver os adversários do que o clube. Outra coisa que entendo que tem de ser mudado é o horário dos jogos. Mais um exemplo: Digamos que ontem no Morenão às 16 horas, iríamos ter o clássico Comerário, correto. Como o torcedor iria até ao estádio, se na TV estaria passando São Paulo e Corinthians? Aí do porque pouca coisa ou nada ter mudado no nosso futebol profissional, assim como nos outros esportes. Uma cidade como Umuarama no Paraná tem uma equipe de futsal na 1ª divisão da Liga Nacional e aqui no MS, o que tem? Creio que os jogos do Estadual teriam de ser ou sábado à tarde ou domingo de manhã para fugir da concorrência da TV. No domingo pela manhã, o cara assiste sua equipe no estádio; vai para casa, almoça e dorme um pouco e às 16 horas acorda para torcer para a sua equipe do coração.

Esporte Ágil - E pra finalizar, na sua opinião, como Mato Grosso do Sul poderá aproveitar a Copa de 2014?
Russo
- No meu ponto de vista, só em termos de turismo, divulgando o Pantanal, Bonito, a região de mineração de Corumbá, as fronteiras com a Bolívia e o Paraguai. Mas em termos de esporte, em especial futebol e até mesmo nas Olimpíadas, não tem nada para ser aproveitado, a não ser que a CBF ajude a FFMS com algum projeto para tal, mas não acredito que isso possa acontecer, pois nosso Estado em termos de futebol perde até mesmo para o Acre, Roraima, entre outros estados em termos de avanço e de divulgação.

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