Bate-Bola | Jeozadaque Garcia/Da redação | 12/07/2010 12h01

Bate-bola: Wilson Soares dos Reis

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“Nós da imprensa, fomos ao longo dos anos um dos grandes culpados pelo afastamento do torcedor dos estádios em Mato Grosso do Sul” “Nós da imprensa, fomos ao longo dos anos um dos grandes culpados pelo afastamento do torcedor dos estádios em Mato Grosso do Sul” (Foto: Foto: Assessoria/CEN)

Soares Filho

No futebol, ele já trabalhou como supervisor, treinador e até presidente de clube. Hoje, integra o conselho fiscal e é assessor de comunicação do Clube Esportivo Naviraiense (CEN), atual vice-campeão estadual de Futebol. O paulista Wilson Soares dos Reis, de 47 anos, é um apaixonado por esportes desde criança, quando acompanhava o pai e o irmão mais velho ouvindo rádio no interior de São Paulo.

Além de trabalhar com a parte de comunicação, sempre arranja um tempinho para bater uma bola na equipe da AABB. "Sou titular absoluto na ala direita. A razão é simples: eu organizo o grupo, convido os melhores e me escalo, e se o treinador me barrar é ele quem sai. Aqui é democracia pura", brinca.

No Bate-bola, ele conta um pouco como funciona seu trabalho no CEN e atribui parte da culpa pela queda do futebol sul-mato-grossense aos próprios jornalistas.

Esporte Ágil - Como surgiu o interesse pelo jornalismo? A paixão pelos esportes vem de criança?
Soares
- O interesse surgiu desde os 10 anos de idade, ao acompanhar meu pai e um irmão mais velho, ouvir diariamente pelo rádio os programas esportivos. Isso na década de 70, onde se ouvia muita a rádio tupi (SP), depois a Bandeirantes e na seqüência outras emissoras. Eu lembro de passar horas imitando repórteres e narradores esportivos. A convivência fez despertar duas grandes paixões; a imprensa em especial a esportiva e o esporte. No Colégio Antônia da Silveira Capilé (Dourados) era o repórter das coberturas das competições internas de futsal e outros esportes. Após o exército, cumprido no Comando Militar do Oeste em Campo Grande, consegui o primeiro emprego e já no rádio. A Clube de Dourados, onde tudo começou e a emissora, sem dúvida a maior escola do interior. De lá para Jornal, Televisão e atualmente como assessor de comunicação da prefeitura de Naviraí e também do CEN.

Esporte Ágil - Que esportes praticou e ainda pratica? Já conquistou títulos importantes? Quais?
Soares - Sou atleta de futebol society até hoje. Conquistas foram inúmeras, mas nenhuma significativa. Sou atualmente campeão máster de Naviraí pela equipe da AABB, titular absoluto da ala direita. A razão é simples: eu organizo o grupo, convido os melhores e me escalo, e se o treinador me barrar é ele quem sai. Aqui é democracia pura. Mas, brincadeira a parte, a atividade esportiva só tem feito aumentar o circulo de amizades.

Esporte Ágil - Como surgiu o convite para assessorar o Naviraiense?
Soares - Na realidade eu já ocupei inúmeras funções na equipe. Estou em Naviraí há 10 anos, mas antes na década de 80, passei 6 anos na cidade e no time, extinto SEM, fui Supervisor, Treinador e até Presidente. Nesta nova empreitada, primeiro integro o conselho fiscal e por ser na área de imprensa, naturalmente foram me designando para a função. É bacana colaborar com o Clube que desperta muita paixão nesta cidade.

Esporte Ágil - Acha que a equipe merecia o título este ano?
Soares - Acho que merecia a vaga para a Copa do Brasil. O titulo seria um prêmio pelo esforço, o nível de organização implantado pela diretoria e o fato de ser um clube, que como poucos no interior do Brasil, honra seus compromissos com funcionários e credores. Mas o Naviraiense chegou na final só o "bagaço" como se diz na linguagem da bola. Seria um castigo ao Comercial que cresceu na reta final, ao contrário do CEN que estava em queda. Foi justo.

Esporte Ágil - O rádio tem uma grande influência nos profissionais de jornalismo, principalmente nos da "velha-guarda". Você acha que diminuiu a importância do rádio para a formação do profissional?
Soares - O rádio foi durante anos o alicerce para os melhores profissionais. Quase todos passaram pelo rádio. Era uma ótima escola, porque obrigava o profissional a ter agilidade na informação e toda a criatividade. O cara chegava na televisão, por exemplo, e arrebentava. Mas hoje realmente as coisas são diferentes. Os novos profissionais não conheceram esse período, sendo natural que não valorizem. Mas ainda acho que, quem faz bem o rádio fica pronto para os outros veículos. Mas de tudo o imprescindível é a leitura. O repórter, Jornalista, radialista, comentarista, enfim todos nós não seremos ninguém se não estivermos bem informados.

Esporte Ágil - Nossos esportistas ainda usam mal a assessoria de imprensa? Por que?
Soares - O problema é que as instituições, clubes de futebol ou de outras modalidades, sobretudo foram dos grandes centros, não dispõem de recursos para manter suas assessorias. Com isso os profissionais que ocupam tais funções ficam na maioria dos casos desobrigados de realizar um serviço que priorize essas instituições. Mas nós os profissionais, precisamos ajudar a melhorar isso.

Esporte Ágil - Como funciona seu trabalho no Naviraiense? Qual o retorno para o clube após começar a usar a assessoria? O que mudou?
Soares - O trabalho funciona totalmente em conjunto com a diretoria, através da presidência e, em total consonância com o departamento de futebol. Há necessidade de estar dentro da intimidade do clube. Participo de tudo, reuniões de dirigentes, situação do grupo de atletas e até da área disciplinar. Cabe a nós a filtragem daquilo que vai para a imprensa. Desta forma estamos conseguindo colocar o clube diariamente nos veículos de comunicação e neste ano, também pelo auxilio dos confrontos com o Santos, conseguimos fazer a marca Naviraiense conhecida em todo o MS.

Esporte Ágil - Como você avalia a situação do futebol sul-mato-grossense hoje? O que podemos destacar e quais suas deficiências?
Soares - A partir de 2008 tem analisado uma considerável melhora no nosso futebol. Um dos grandes responsáveis na minha visão é o maior apoio da mídia televisiva estadual. Em 2008 teve inicio, melhorando em 2009 e ajudando bastante em 2010. A TV faz hoje o que o Rádio fazia com resultados formidáveis antes de década de 80. Todos os órgãos têm sua importância, mas a mídia de massa é indiscutivelmente a televisão. Tenho uma critica a categoria que faço parte. Nós da imprensa, fomos ao longo dos anos um dos grandes culpados pelo afastamento do torcedor dos estádios em Mato Grosso do Sul. Eu fui testemunho dos últimos anos do futebol rico, de Operário e Comercial que levavam público de 30 mil pessoas ao Morenão, em jogos do estadual. Os times entraram em crise e boa parte da imprensa, pegava o microfone do rádio ou companheiros de jornais para detonar com a qualidade dos nossos atletas. Tudo bem que tivemos uma fase crítica sob o ponto de vista dos grandes times, mas estávamos fazendo uma campanha contra o produto que vendíamos para o nosso anunciante. Isso fez reduzir público nos estádios e a audiência do futebol. Hoje está mudando, por causa da revolução feita pelo interior.

Esporte Ágil - Na sua opinião, por que o interior dominou por tantos anos o Estadual da série A? Seria má gestão dos clubes da Capital?
Soares - O conjunto da obra. Falta de gestão com a seriedade que deve existir em qualquer atividade. A desmotivação por tentar comparar o futebol do estado com o que se assiste na TV. Tenho o exemplo do Pará, onde o futebol é do mesmo nível que o nosso e qualquer jogo tem 10 mil pessoas no estádio. Na capital vai 40, 50 mil. O interior de MS, repetindo o que já disse, fez a revolução e parece que a capital finalmente está acordando.

Esporte Ágil - Algo que gostaria de acrescentar?
Soares - Agradeço a vocês pela oportunidade e podem ter certeza que com esse espaço para debate de opiniões estão colaborando pelo ressurgimento do futebol forte no estado. Em tempo, para 2011, aguardem novamente o Clube Esportivo Naviraiense brigando pelo titulo. De nossa parte, haverá colaboração efetiva para o engrandecimento do esporte no Estado.

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