Esporte Ágil | Lucas Castro | 04/02/2019 16h00

OPINIÃO: Tem uma coisa que me incomoda. E como incomoda!

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Estive no Comerário ontem (3), no Morenão, como também estive em muitos outros. E uma coisa ainda me incomoda, não só no maior clássico de Mato Grosso do Sul: torcedores com camisas de outros times.

“Ah, mas o futebol aqui do estado não tem tradição, está morto”. Amigo, primeiro, se você acredita veementemente nisso, poupe suas energias e nem saia de casa (ou nem use aquele ingresso-cortesia que ganhou do seu chefe ou conhecido. Só ontem, inclusive, foram 515 não pagantes, 20% do público total!). O reestabelecimento do futebol sul-mato-grossense depende demasiadamente destas questões simbólicas, “pequenas”, mas que, para mim, estorva mais do que etiqueta piniquenta de roupa nova.

Já parou para perceber? Olho para o lado, Fulano com camisa do Palmeiras. Para o outro, Sicrano com camisa do Flamengo. Que coisa mais espalhafatosa aos olhos, uma grandessíssima colcha de retalhos colorida.

Quase todo mundo é adepto de um clube grande no cenário nacional, é normal. Mas, irmãozinho/irmãzinha, pensa bem... Seu time já está consolidado! E outra, Operário e Comercial foram grandes nas décadas de 70 e 80. O primeiro chegou a bater sem dó em marmanjos de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e o que viesse pela frente, dentro e fora do Morenão.

Não adianta cobrar do Cezário (e tem que ser cobrado mesmo, incessantemente!) e achar que está tudo bem ir com uma camisa do Corinthians ou Internacional ao estádio. Comerário, né? Alvinegro versus alvirrubro, cores parecidas e tal, rs... Não, deixa disso.

Em campo, Galo foi superior e venceu o clássico por 3 a 1 (Foto: Washington Kaku)

Bonito mesmo é ver aquele paizão que foi operariano doente nos tempos áureos, viu o time da sua cidade derrubar impiedosamente gigantes, como Fluminense e Palmeiras, na tão lembrada campanha nacional de 77, mas que hoje ensina seu filho a assistir o mesmo Operário com camisa de outro time.

Tem também a rodo os bonitões da geração PlayStation 4, os jovenzinhos no estilo meme “Com licença, senhor!”, que só acompanham futebol europeu, gramadinho xadrez, outdoors da Nike e que, volta e meia, aventuram-se num Estadual da vida. Não aguentam nem 10 minutos e já mexem no celular. Estes, sempre com uma Juventus (parecido com o listrado operariano, né?), Barcelona, Real Madrid, Manchester United estampando seus corpos. É impressionante. Será que o 7 a 1 não serviu para autorreflexão?

Quem deu gosto de ver foi a diretoria do Operário, mas não a do velho Galo da Avenida Bandeirantes. Foi a do alvinegro de Ponta Grossa – PR, o Operário Ferroviário, que confirmou, no dia 24 de janeiro, que não permitirá mais a entrada de torcedores em seu estádio vestindo camisa de outros clubes, com exceção dos visitantes. E não tem essa: idosos, adultos, adolescentes, crianças, ninguém pode entrar no Germano Krüger sem que esteja com a camisa do Fantasma ou com vestimentas neutras, nas cores do clube.

Medida importante e corajosa esta do time paranaense. O que há muito tempo era um ato de conscientização por parte dos torcedores, virou regra. Que sirva de exemplo para as diretorias dos clubes daqui. Não tem camiseta do Operário, do Colorado, do Águia Negra, do URSO? Simples, puxa do armário aquela da mesma cor do seu time, dá uma força aí. A valorização e retomada do futebol sul-mato-grossense começa por você, torcedor!

 


 

*Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do Esporte Ágil ou de seus profissionais como um todo. 

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